Aí entra a segunda observação que faço: não há qualquer prova de acordo do aparato estatal com as facções criminosas. Se existir, que seja mostrada. O que está claro que há é a dissuasão, um aperto geral nos negócios tocados pelo crime e nas lideranças que resulta em convencimento, na marra. O chefe de quadrilha percebe que, se continuar ordenando mortes, a situação vai piorar para ele. Inclusive fisicamente: será enclausurado numa prisão de segurança máxima. O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), por exemplo, proíbe até visitas íntimas.
Sabedor dessa situação e com suas finanças asfixiadas pela presença constante de policiais na sua área de domínio, o bandido prefere negociar - com os rivais no crime. Pactos de não agressão são firmados e a geopolítica do submundo começa a se mexer.
Existem policiais que negociam com bandidos? Claro. Mas isso é diferente de negociar como política de Estado.